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segunda-feira, 18 de março de 2013

da insatisfação que nos move

eu, que não tenho certezas, posso afirmar uma coisa: nunca estaremos plenamente satisfeitos com nada. você conquista um mestrado, quer o doutorado. passa a trabalhar num lugar bacana, quer um aumento. aluga um apê gostoso, quer um maior. enfim, nada está perfeito a ponto de te fazer aquietar. e isso é até bom, pois o fato de querer sempre mais, te faz conseguir sempre mais. principalmente se você ambicioso, coisa que não sou.

engraçado que as coisas sempre aconteceram de maneira natural. aí fico pensando: se consegui conquistar tanta coisa apenas deixando a vida seguir seu rumo, imagine se eu tivesse realmente lutado por algo que quis. se tivesse estudado mais, ou se não tivesse largado aquela dinâmica de grupo escrota na empresa que me pagaria pelo menos cinco vezes mais do que recebo hoje. não, longe de mim reclamar. e muito menos dizer que as coisas acontecem sem meu esforço.

como já disse aqui (e adoro repetir) sempre conquistei tudo que tenho por meu próprio esforço. não sei o que é receber ajuda financeira do papai desde os 13 anos, ou seja, há pelo menos 20, tudo que tenho foi porque eu busquei. desde o pc 486 às viagens maravilhosas que fiz.

mas a respeito daquela certeza do início do texto, preciso dizer que não estou satisfeito. sabe quando você chega no trabalho e recebe parabéns pelo último job (também adoro essas palavras em inglês que a gente incorpora no trabalho) que você coordenou? isso serve pra aumentar o ego, sentir-se útil, desejado, querido. e isso importa muito, claro, mas não é só isso. o que quero dizer é que tudo isso é muito bom. ser reconhecido no mundo louco do trabalho em que vivemos hoje é para poucos, mas o lance é não esquecer do que nos fez chegar lá.

sim, estou muito, obrigado. e não, eu não cheguei lá. e apesar de estar onde escolhi estar, espero não chegar lá tão cedo, pois isso me faria acomodar. mas confesso que fui mais além do que imaginava.

e agradeço à vida por ter passado por empregos tão bons e tão ruins, pois todos me ensinaram algo. dos bons, eu cultivo o aprendizado, as amizades, os benefícios. dos ruins, apenas o desejo de que algo mude, que as pessoas que ainda permanecem sintam-se encorajadas buscar algo a mais que dinheiro.

e que pra todos, a insatisfação seja algo que nos mova, sempre.







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